12/04/2012 08h00
- Atualizado em
12/04/2012 10h15
Aluno transexual da UnB entra com recurso para usar nome social
Conselho de Graduação, formado por professores, irá votar recurso.
Marcelo Caetano diz já ter passado por diversas situações constrangedoras.
Estudante transexual da Universidade de Brasília (UnB) luta pelo
direito de ser chamado pelo nome que escolheu e não pelo que consta no
registro civil. No início deste ano, um estudante de Ciência Política,
que tem o nome de mulher em todos os documentos, entrou com recurso na
reitoria da UnB pelo direito de ser chamado pelo nome que escolheu:
Marcelo Caetano.
Marcelo Caetano diz já ter passado por diversas situações
constrangedoras. “Na hora da chamada, quando é a lista só para assinar o
nome, assino sem problema. Mas quando a chamada é oral eu converso
diretamente com os professores, alguns têm ótima reação, mas nem todos
são assim”, conta.
A Procuradoria da UnB já deu parecer favorável ao estudante, mas
sugeriu que sejam mantidos os dois nomes na documentação do aluno.
Agora, a decisão será levada para votação no Conselho de Graduação,
formado por professores.
“Nós estamos apenas aguardando o pronunciamento do relator. E assim que
tiver a primeira sessão, já com o parecer do relator, o processo
provavelmente será votado”, garante o chefe de gabinete da reitoria da
UnB, Davi Diniz.
A psicóloga Tatiana Lionço afirma que o impedimento do uso do nome
social, aquele escolhido por opção, diferente do que consta no registro
civil, pode deixar marcas, muitas irreparáveis. “Quando essa situação se
coloca a pessoa transexual fica vulnerável à injúria, ao processo de
bullying e sem contar a necessidade de se expor cotidianamente a
condição transexual”, ressalta.
Mas o uso do nome social divide opiniões entre os estudantes da
instituição. “Assim abre também a [possibilidade] para todas as outras
pessoas que têm vontade de querer mudar o nome”, diz a estudante
Michelle André.
Para o universitário Fernando Morbec deve prevalecer o direito de
igualdade. “Muitas vezes as pessoas ficam desconfortável com o nome que
elas têm civilmente e prefere ser chamada pelo nome social”, diz.
Se a UnB aprovar o pedido de Marcelo Caetano a decisão seguirá uma
tendência. O Ministério da Educação e os Conselhos Regionais de Ensino
orientam as instituições a permitirem o uso do nome social dentro de
escolas e universidades. O mesmo acontece na administração pública.
Desde 2010, uma portaria do Ministério do Planejamento garante que
servidores públicos federais possam usar o nome social nos crachás de
identificação. "É importante [essa medida] porque resguarda o direito
dessas pessoas de não sofrerem constrangimentos na sua vida pública, nos
seus relacionamentos. E nos queremos preservar, justamente, a dignidade
dessas pessoas”, enfatiza o coordenador de Promoção e Defesa dos
Direitos LGBT da Secretaria de Direitos Humanos.
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